Contribuiu valorosamente nos campos da fisiologia e anatomia, neurobiologia, embriologia e zoologia. Defendia a investigação microscópica, e a análise química e fisiológica por meio da experimentação. Iniciou a ciência da fisiologia moderna, inspirou sua geração seguinte de cientistas e fez de Berlim um dos principais centros para investigação médica da Europa.
Biografia
Johannes Müller, filho de um sapateiro, nasceu em Coblença, em 14 de julho de 1801. Estudou medicina na Universidade de Bona, de 1819 até 1822. Em Bona, foi influenciado pela Filosofia natural. Depois de tomar o seu diploma em Bona, passou 18 meses em Berlim para estudar para o exame médico. Embora nunca tenha desistido de sua crença em um universo proposital e as grandes generalizações, ele ficava cada vez mais convencido de que a pesquisa experimental era o caminho certo a seguir na medicina.
De 1824 até 1833 Müller ensinou medicina em Bonn,[1] atingindo a categoria de professor em 1830. As suas principais realizações foram na embriologia e fisiologia. Em 1825, ele descobriu e estudou as células gliais retinais e o par de ductos do embrião, que posteriormente levaram seu nome, glia de Müller e ductos de Müller - atualmente chamados de ductos paramesonéfricos -, e passou a fazer um estudo pioneiro do desenvolvimento das glândulas genitais no embrião.
Entre 1828 e 1830, Müller realizou estudos sobre os sistemas endócrino e reprodutor, evidenciando que as glândulas secretam substâncias - hormônios - responsáveis pelo controle de diversas atividades do corpo e denotando os vasos sanguíneos responsáveis pela ereção masculina.[2]
Em 1833 Müller tornou-se professor de anatomia e fisiologia e diretor do Museu de Anatomia Comparada na Universidade de Berlim. Em 1833 Müller publicou a primeira parte de seu manual de Fisiologia Humana. Em Berlim, ele continuou suas pesquisas sobre a fisiologia nervosa, mas também realizou extensas investigações na anatomia comparativa, escreveu obras sobre peixes e equinodermos. Foi um dos primeiros a fazer uso extensivo do microscópio em patologia, e em 1838 ele publicou um volume sobre a patologia de tumores, no qual estabeleceu ser conveniente a distinção entre tumores malignos e benignos. Suas contribuições favoreceram o desenvolvimento da histologia patológica.[3]
Müller foi reitor da Universidade de Berlim durante o ano revolucionário de 1848, e a tensão causada pelas confusões políticas acabaram prejudicando sua saúde. Em 1855, ele foi resgatado de um navio que estava afundando, em que fazia uma viagem de regresso da Noruega. Müller morreu em Berlim em 28 de Abril de 1858, sem se recuperar totalmente desses eventos.
Obra
Fisiologia
No campo fisiológico, Müller estudou e demonstrou as funções do sistema nervoso e sensorial, endócrino e reprodutivos, mas também fez contribuições para a compreensão da voz, visão e audição, e para as propriedades físicas e químicas da linfa,[4]quilo e sangue.
Seu livro de texto, Handbuch der Physiologie des Menschenfür Vorlesungen (1840), marcou o início de um novo período no estudo da fisiologia.[5] Pela primeira vez, os resultados da anatomia comparada em humanos, assim como da química e outras ciências naturais, se uniam na investigação de problemas fisiológicos.
A parte mais importante e cuidadosa de seu trabalho foi estudar e lidar com a ação nervosa e os mecanismos dos sentidos. Ele declarou que o tipo de sensação, após a estimulação de um nervo sensorial, não depende do modo em que a estimulação foi realizada, mas sobre a natureza do órgão do sentido que sofre tal estimulação. Desta forma, Müller cria a lei de energias específicas do sentido,[6] em que a luz, pressão ou estimulação mecânica sobre a retina e nervo óptico, produz impressões luminosas. Tal declaração causou impacto, já que ao publicar sua obra Zur vergleichenden Physiologie des Gesichtssinns (1826) isso significava que cada órgão sensorial responde aos estímulos de formas diferentes e específicas.
Müller também defendeu a teoria de que o olho não reage somente aos estímulos externos mas também aos estímulos internos, criados por nossa imaginação, nosso cérebro, em sua obra Über die phantastischen Gesichtserscheinungen (1826).
Por fim, Müller estudou os movimentos de reflexos em experiências com rãs, confirmou as teses de Charles Bell (1774-1842) e François Magendie (1783-1855) sobre os nervos sensitivos e motores. Ampliou o conhecimento de angiologia e dos gânglios nervosos, estudou a estrutura dos ossos, cartilagens e glândulas internas, o processo de coagulação sanguínea, e a propagação do som no ouvido.
Anatomia e embriologia comparadas
Na última etapa de vida académica, Müller dedicou-se à anatomia comparada, especialmente dos peixes e invertebrados marinhos.
Müller foi um grande defensor da teoria vertebral do crânio, apoiando-se nas suas observações embriológicas.
Após a morte de JF Meckel (1781-1833), ele publicou o Archiv für Anatomie, Physiologie und wissenschaftliche Medicin ("Arquivo de anatomia, fisiologia e medicina científica") até sua morte, que foi então citado principalmente como Müllers Archive continuado por Emil Du Bois-Reymond.
↑Robert Kruse, Paul. The Story of the Encyclopaedia Britannica, 1768-1943, Volume 18. Department of Photoduplication, University of Chicago Library, 1958. pp. 962.
↑James Louis Garvin, Franklin Henry Hooper, Warren E. Cox. The Encyclopedia britannica, Volume 15. The Encyclopedia Britannica Company, ltd, 1929. pp. 949.
↑Crosby Warren, Howard. A History of the Association Psychology. C. Scribner's sons, 1921. pp. 210.
↑olger Münzel: Max von Frey. Leben und Wirken unter besonderer Berücksichtigung seiner sinnesphysiologischen Forschung. Würzburg 1992 (= Würzburger medizinhistorische Forschungen, 53), ISBN 3-88479-803-0, insbesondere S. 175–207 (Kurzbiographien), hier: S. 197.
↑Johannes Müller: Handbuch der Physiologie des Menschen für Vorlesungen. Band 1 (mpg.de [abgerufen am 31. Januar 2019] Erstausgabe: J. Hölscher, Coblenz 1838).
↑Johannes Müller: Handbuch der Physiologie des Menschen für Vorlesungen. Band 2 (mpg.de [abgerufen am 31. Januar 2019] Erstausgabe: J. Hölscher, Coblenz 1840).
↑Müller, Johannes (1824). «Zur Physiologie des Fötus». Zeitschrift fuer die Anthropologie: 423–483. Consultado em 28 de abril de 2023
↑Johannes Müller: Über die phantastischen Gesichtserscheinungen.