Montijo é uma cidadeportuguesa pertencente ao distrito de Setúbal e à Área Metropolitana de Lisboa, com 41 411 habitantes (2021).[2] Até 1930, e apesar do seu estatuto de vila, denominava-se Aldeia Galega do Ribatejo ou, simplesmente, Aldeia Galega ou Aldegalega[3], passando deste então a ter o seu nome atual, «que melhor condiz com as suas tradições históricas».[4]
A Ponte Vasco da Gama, inaugurada em março de 1998, e o transporte fluvial Transtejo, asseguram a ligação entre Montijo e Lisboa. Montijo celebra a 29 de junho as Festas Populares de São Pedro, padroeiro das gentes do mar, e é conhecida por terra de touradas, boa comida e fados.
História
Montijo tem a sua história intimamente ligada ao Rio Tejo, pois grande parte da sua área geográfica é delimitada pelo mesmo. A presença humana fez-se sentir naquela região desde muito cedo (pelo menos desde o Paleolítico, segundo vestígios arqueológicos encontrados), devido, muito provavelmente, às excelentes condições naturais.[10]
O núcleo populacional, habitado principalmente por pescadores e salineiros, muitos deles vindos das Rías Galegas e do litoral norte de Portugal (fruto do processo de repovoamento decorrente da reconquista cristã), começou a desenvolver-se desde que, na menoridade de D. Afonso V, o regente D. Pedro e o Mestre da Ordem de Santiago, o infante D. João, ambos tios do monarca, mandaram desassorear o esteiro de Alhos Vedros, construindo para o efeito uma estacada.
Em 1385, D. João I confirma os privilégios dados por D. Sancho. Mais tarde, em 1445, por carta régia de D. Afonso V, os coutos e terras de Aldeia Gallega são afetos ao património da rainha D. Isabel de Avis.[11]
Em março de 1498 D. Manuel I parte para Toledo a fim de ser jurado príncipe herdeiro de Castela e Leão, ao passar por Aldeia Gallega e ouvir as suas gentes, ordena a construção de um poço público junto à velha Albergaria, onde funcionava o Hospital da Caridade.
O mesmo rei D. Manuel outorgou foral à vila a 15 de setembro de 1514, desanexando-a da antiga freguesia de Santa Maria de Sabonha. No ano seguinte, a 17 de janeiro de 1515, renovou o foral, num diploma único para as duas vilas de Aldeia Gallega do Ribatejo e Alcochete.
O correio-mor, D. Luís Afonso, fez de Aldeia Gallega do Ribatejo, em 1533, a sede da Posta nas comunicações com o Sul de Portugal, e iniciam-se os trabalhos de melhoramentos e arranjos da Estrada Real (atual Estrada Nacional 4) que liga Lisboa a Badajoz, tornando a povoação ponto de passagem obrigatória para quem se dirigia à capital do Reino ou dela provinha. Desta forma a vila conheceu grande desenvolvimento e abastança, em particular durante a dinastia filipina, dado o crescente tráfego entre Lisboa, Toledo, Madrid e restante Espanha. Também do período filipino é a aprovação da Irmandade de Nossa Senhora da Conceição, em 1608, constituída por mareantes; bem como obras e melhoramentos na Igreja Matriz e na Vila.
Em outubro de 1843 Aldeia Gallega recebeu, com pompa e circunstância, os reis D. Maria II e D. Fernando, o infante D. Luís, Duque do Porto, o Presidente do Conselho de Ministros Duque da Terceira e restante comitiva. Do programa oficial destaca-se a receção no Cais das Faluas onde foi erguido um arco triunfal em madeira; o Te Deum celebrado na Igreja Matriz e as cerimónias protocolares nas quais foram entregues a D. Maria II, por mão do Presidente do Senado Municipal, as "Chaves da Vila", tendo a rainha proferido um emocionado discurso. Após o banquete oferecido pelo Senado Municipal (que contou com a presença dos Condes de São Miguel, do proprietário agrícola João Ferreira Prego, 1º Barão de Samora Correia, e de ilustres montijenses), a família real realizou um passeio noturno pelo centro da vila piscatória, tendo pernoitado nos Paços do Concelho.[15][16]
As visitas Reais e o crescimento económico e demográfico da Vila no século XIX reafirmaram a importância de Aldeia Gallega. A 25 de maio de 1879 foi inaugurado (no atual edifício dos Paços do Concelho) o novo Tribunal e Cadeia Comarcã, contando com a presença do Presidente do Conselho de Ministros, Fontes Pereira de Melo, do Ministro dos Negócios Estrangeiros, Andrade Corvo, entre outros destacados membros do Governo e da Corte.
Em 1901 é aprovada, por Decreto do Governo, a substituição da iluminação pública a petróleo pela iluminação elétrica. Contudo, por diversas dificuldades e demoras, somente a 1 de maio de 1911 é que Aldeia Gallega inaugurou a luz elétrica, com grande festa na Vila e com a presença do Ministro do Interior e do Governador Civil.
Entre 1907 e 1908 foi construído o Ramal de Aldeia Gallega, financiado exclusivamente pela autarquia sem recorrer ao Fundo Especial de Caminhos de Ferro. O Ramal de Montijo foi encerrado em 1989 sob o XI Governo Constitucional.
O associativismo esteve sempre muito presente no espírito de Aldeia Gallega e dos montijenses. Assim, em 1854 foi fundada a Sociedade Filarmónica 1º de Dezembro; em 1872 a Associação Fraternal do Montepio de Aldegalega; em 1909 a Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários de Aldeia Gallega; em 1913 a Sociedade Cooperativa União Piscatória Aldegalense (SCUPA); em 1914 a Banda Democrática 2 de Janeiro; em 1937 a União Mutualista de Nossa Senhora da Conceição; em 1939 o Ateneu Popular de Montijo; em 1948 a Tertúlia Tauromáquica e o Clube Desportivo de Montijo, entre tantas outras associações e grémios.
Até 6 de junho de 1930, a sede de concelho era chamada de Aldeia Gallega do Ribatejo (ou simplesmente Aldeia Gallega), passando, a partir de então, a intitular-se Montijo, denominação assumida também pelo próprio concelho.
Em 1942, Montijo, então vila, beneficiou de profundas obras de "melhoramentos locais", nomeadamente com a instalação da rede pública de abastecimento de água e o melhoramento e expansão da rede de iluminação elétrica. Ao longo da década seguinte (1950) foram inaugurados o novo Palácio da Justiça (sede do Tribunal da Comarca de Montijo), a nova estação de correios, o Hospital Distrital, o Mercado Municipal, o Cine-Teatro Joaquim de Almeida, o Estabelecimento Prisional de Montijo (que vinha substituir a Cadeia Comarcã, inaugurada em 1879), a Praça de Touros Amadeu Augusto dos Santos (que substituiria a velha Praça de Touros construída em 1888), entre outros equipamentos. Inaugurou, também, dentro dos limites do concelho, a novíssima Colónia Agrícola de Pegões[18], aí instalada pela Junta de Colonização Interna e que viria a constituir, por desanexação de áreas pertencentes às freguesias de Canha e Marateca, a freguesia de Santo Isidro de Pegões.
Em 2002 foi inaugurado o novo Terminal Fluvial do Seixalinho, a mais de 2 km da cidade, assegurando a continuidade da travessia Lisboa-Montijo. A opção pela localização deste equipamento foi objeto de uma discussão polémica que ainda não está consensualizada na sociedade montijense.
Heráldica
Os elementos heráldicos que compõem o brasão da cidade de Montijo, em uso desde 1930, são: o escudo de prata com um pequeno monte de verde, realçado de negro, movente dos flancos e assente num contra-chefe de cinco faixetas ondadas de prata e azul; em chefe, Cruz de Santiago de vermelho, acompanhada de dois lemes de negro com ferragens de ouro adossados, o da dextra posto em banda e o da sinistra em barra de dois molhos de espigas de trigo de ouro, folhadas de verde e atadas de vermelho. Coroa mural de cinco Torres de prata. Listel branco, com letras a negro “Cidade de Montijo”.
Bandeira gironada de amarelo e verde, cordão e borlas de ouro e verde. Haste e lança de ouro.[19]
Evolução da população do município
★ Os Recenseamentos Gerais da população portuguesa, regendo-se pelas orientações do Congresso Internacional de Estatística de Bruxelas de 1853, tiveram lugar a partir de 1864, encontrando-se disponíveis para consulta no site do Instituto Nacional de Estatística (INE).
Número de habitantes "residentes", ou seja, que tinham a residência oficial neste município à data em que os censos se realizaram.
De 1900 a 1950 os dados referem-se à população "de facto", ou seja, que estava presente no município à data em que os censos se realizaram. Daí que se registem algumas diferenças relativamente à designada população residente
Freguesias
O município de Montijo está dividido em 5 freguesias:[5]
O concelho de Montijo é um dos municípios de Portugal territorialmente descontínuos, estando geograficamente dividido em duas partes:
Parte ocidental – constituída até 2013 pelas seguintes freguesias: Montijo, Afonsoeiro, Atalaia, Sarilhos Grandes e Alto Estanqueiro - Jardia, com uma área aproximada de 56,3 km². A partir de 2013 as freguesias de Montijo e Afonsoeiro foram juntas por agregação passando a denominar-se União das freguesias de Montijo e Afonsoeiro e foram igualmente juntas por agregação as freguesias de Atalaia e Alto Estanqueiro Jardia passando a denominar-se União das freguesias de Atalaia e Alto Estanqueiro-Jardia ;
Parte oriental – constituída até 2013 pelas seguintes freguesias: Santo Isidro de Pegões, Canha e Pegões, com uma área aproximada de 291,7 km².A partir de 2013 as freguesias de Santo Isidro de Pegões e de Pegões foram juntas por agregação passando a denominar-se União das freguesias de Pegões.
A parte ocidental é formada basicamente pelo território do antigo concelho de Aldeia Gallega do Ribatejo, ao qual foi concedido foral em 1514 por D. Manuel I. A Parte Este formou-se a partir do território do antigo concelho de Canha, extinto pela primeira vez a 6 de Novembro de 1836, altura em que foi integrado no concelho de Montemor-o-Novo. A 2 de Janeiro de 1838 o concelho de Canha volta a ser de novo restabelecido para, no entanto, ser definitivamente extinto no dia 17 de Abril do mesmo ano e integrar o concelho de Aldeia Gallega do Ribatejo.[23]
A nordeste da freguesia de Montijo encontra-se o concelho de Alcochete e a sudoeste o concelho da Moita, os quais historicamente já fizeram parte do concelho da então Aldeia Gallega do Ribatejo. Este facto deveu-se à vitória das forças liberais sobre as forças miguelistas que, em 1834, acabaram com centenas de antigos municípios existentes no país.
Administração municipal
O município de Montijo é administrado por uma Câmara Municipal composta por 7 vereadores (3 mandatos pelo PS, 2 mandatos PSD/CDS/A e 2 da CDU). O cargo de Presidente da Câmara é atualmente ocupado por Maria Clara Oliveira Silva, funcionária da Câmara Municipal do Montijo, que assumiu a presidência em junho de 2024, após a renúncia ao mandato de Nuno Ribeiro Canta, que havia sido reeleito nas eleições autárquicas de 2021 pelo Partido Socialista.[1]
Presidentes da Câmara Municipal de Aldeia Galega/Montijo:
↑«Decreto n.º 18434». Paços do Governo da República: Ministério do Interior - Direcção Geral de Administração Política e Civil. Diário do Govêrno n.º 131/1930. I Série (131). 6 de junho de 1930
↑INE (2012). «Quadros de apuramento por freguesia»(XLSX-ZIP). Censos 2011 (resultados definitivos). Tabelas anexas à publicação oficial; informação no separador "Q101_LISBOA". Instituto Nacional de Estatística. Consultado em 27 de julho de 2013