Até à entrada em vigor da Lei da Televisão n.º 27/2007 de 30 de julho, a televisão digital terrestre em Portugal considerava-se um serviço público essencial de titularidade estatal, cuja gestão era realizada de forma directa pelo próprio Estado e de uma maneira indirecta, através de concessões administrativas a particulares. Em 2007 e 2010, esta situação modificou-se com a Lei da Televisão[1] e a Lei da Rádio[2], que realizam a liberalização da prestação do serviço de rádio e televisão, de maneira que passe a ser considerado um serviço de interesse geral que os particulares prestam em regime de livre concorrência com certas limitações[3][4]. Tal como no resto da Europa, este serviço cumpre o padrão de radiodifusão DVB-T e funciona no formato de compressão de vídeoMPEG-4H.264/AVC.[5]
História
Nascimento da TDT
Com a tecnologia sempre em movimento, aparece em 1998, a Televisão Digital, na Inglaterra e na Suécia. Portugal faz questão de iniciar alguns testes de televisão, nesta plataforma, por ocasião da Expo 98 de Lisboa. O sistema de Rádio digital DAB é também testado na mesma altura. Foi efectuada uma reportagem sobre a rádio e TV digitais, emitida na RTP2, a explicar os benefícios do digital nestas plataformas.
Facto de curiosidade, o DAB em Portugal arrancou no verão de 1999 e foi desligado em Abril de 2011 por desinteresse geral e custos elevados. Ainda não se sabe quando será substituído pelo DAB+/DRM+. A rede DAB, pertence à RTP e está atualmente sem utilidade. A rede pode ser aproveitada e atualizada para DAB+/DRM+ a baixo custo e pode ainda suportar o DVB-T2, podendo evitar o dispendioso aluguer de transporte e difusão de sinal de TV cobrado pela PT.
No ano de 2001, Portugal abriu um concurso público para a televisão digital terrestre (TDT). O Despacho, de 17 de Agosto, visava a atribuição de uma licença para o estabelecimento e exploração de uma plataforma de televisão digital terrestre. O vencedor foi o consórcio PTDP – Plataforma de Televisão Digital Portuguesa, formado pelo Grupo Pereira Coutinho, RTP e SIC.
O regulamento do concurso, aprovado pela Portaria nº 346-A/2002, de 6 de Abril, previa a que a exploração comercial da TDT deveria ser iniciada até 31 de Agosto de 2002. Esse prazo acabou por ser prorrogado até dia 1 de Março de 2003, por meio do despacho nº 20 095/2002 (2.ª série), de 22 de Agosto, emitido pelo Ministro da Economia.
No entanto, no dia 25 de Março de 2003, a licença foi revogada por sugestão da Autoridade Nacional de Comunicações (ANACOM). Os motivos, segundo Faustino (2006), teriam sido as dificuldades tecnológicas e comerciais encontradas pelo operador seleccionado. Para Cardoso e Santos “tal decisão ter-se-á ficado a dever em grande parte ao facto de, num período de recessão económica em Portugal e na Europa, ser ainda mais difícil desenvolver um modelo de negócios rentável”.
As explicações foram nebulosas. Mas, ao observarmos o fracasso das plataformas pagas que eram transmitidas, naquela época, através da TDT em Espanha e no Reino Unido, percebemos que, se o projecto tivesse avançado em Portugal, provavelmente também passaria pelas mesmas dificuldades.
Caso a licença não tivesse sido revogada, a PTDP teria que garantir, ao final do ano terceiro, um alcance de 95% da superfície do território continental e 99,2% de sua população. Nos Açores, essa cobertura deveria ser de 96,7% da área territorial e na Madeira de 95,7%. Nas duas regiões autónomas, ao final do prazo, o alcance deveria atingir 99,8% da população.
Hoje percebe-se que tal meta era praticamente impossível. Na época, ficou latente a necessidade do desenvolvimento de um modelo de TDT sustentável, estratégico, que tivesse em conta as diferentes tecnologias existentes e que pudesse adequar toda a transmissão e captação a um mesmo sistema.
Relançamento e promoção da TDT
A TDT só chega a Portugal em Outubro de 2008, em emissão experimental, a partir do retransmissor de Palmela. Até final do ano estas emissões estenderam-se ao emissor de Monsanto e retransmissores da Caparica, Estoril, Sintra e Malveira, mas com potências reduzidas e emitindo apenas nalgumas direcções restritas, por exemplo, as emissões provenientes de Monsanto, em Lisboa, chegavam apenas até à zona de Picoas.
Em Janeiro de 2009, procedem-se a mais testes noutras zonas do país. A emissão regular inicia-se a 29 de Abril.
A televisão digital terrestre em Portugal, iniciou-se a 29 de abril de 2009 com as emissões regulares inicialmente com 4 canais de televisão nacionais e 2 canais autonómicos, todos em sinal aberto (FTA).
Só em Abril de 2008, foi anunciado que a TDT iria finalmente arrancar a 29 de Abril do ano seguinte. Esta chegada tardia deve-se em pequena parte a 2 tentativas falhadas de introdução da TDT em Portugal; a 1.ª em 2002, a 2.ª em 2003 — altura em que a emissão digital em Espanha encerrou, arrefecendo Portugal. Em Espanha reabriu novamente a 30 de novembro de 2005.
Em junho de 2010 a TDT, alcançou uma cobertura de 83% da população e era esperado chegar aos 100% até ao final de 2010. O desligamento analógico para o digital ocorreu a 26 de abril de 2012.[6] Os sete canais digitais existentes em FTA estão atualmente a emitir em DVB-T, MPEG-1/MPEG-2/MPEG-3/MPEG-4/H.262/H.263/H.264/H.265 (digital)[7].
Com a era digital da televisão terrestre, esperava-se o aparecimento de mais canais na TDT, como canais até então emitidos apenas nas plataformas pagas por cabo/satélite, canais locais e regionais e o canal parlamento, a ARTV. Até agora, apenas a ARTV, a RTP3 e a RTP Memória deram entrada na TDT. A ARTV foi incluída na TDT a 27 de dezembro de 2012, passando a emitir regularmente na plataforma a 3 de janeiro de 2013[8].
Vários canais demonstraram interesse em emitir na TDT, como a Record TV, CMTV, Eurosport, TVI 24, entre outros e era esperada a entrada de um canal de informação e outro de desporto, ambos privados e mediante concurso, mas até hoje nenhum dos referidos canais entrou por desinteresse do "governo".
Existe atualmente apenas o MUX A da TDT onde são emitidos os canais RTP1, RTP2, RTP3, RTP Memória, SIC, TVI, ARTV e EEC Secundário, todos em SD apenas.
O futuro da TDT é atualmente incerto devido à Altice, empresa que a gere, não querer renovar contrato com fim em 2023, tendo assim de ser atribuída a outra empresa.
"Apagão analógico" e implementação da rede SFN
A rede analógica de televisão foi desligada na totalidade a 26 de Abril de 2012. Assim, o desligamento dos emissores e retransmissores analógicos, ocorreu em três fases, da seguinte forma:
1.ª fase
12 de janeiro a 23 de fevereiro de 2012: Cessação dos emissores e retransmissores que asseguram a cobertura de quase toda a faixa litoral do território continental. Nesta fase, os desligamentos ocorreram em cinco momentos:
12 de janeiro - Emissor: Palmela; Retransmissores: Alcácer do Sal, Melides e Sesimbra.
23 de janeiro - Emissor: Fóia - Monchique; Retransmissores: Santiago do Cacém, Cercal do Alentejo, Odemira, Odeceixe, Monchique, Aljezur e Silves.
1 de fevereiro - Emissor: Lisboa-Monsanto; Retransmissores: Areeiro, Barcarena, Caparica, Carvalhal, Cheleiros, Estoril, Graça, Montemor-o-Novo, Odivelas, Sintra, Malveira, Sobral de Monte Agraço, Coruche e Cabeção.
13 de fevereiro - Emissor: Reguengo do Fetal; Retransmissores: Vale de Santarém, Sobral da Lagoa, Mira de Aire, Candeeiros, Alcaria, Tomar, Ourém, Caranguejeira, Leiria, Alvaiázere, Avelar, Pombal, Castanheira de Pera, Espinhal, Senhora do Circo, Padrão, Ceira dos Vales, Vale de Açôr, Vila Nova de Ceira, Ceira, Coimbra, Caneiro, Cidreira, Lorvão, Penacova, Mortágua, Avô e Benfeita.
23 de fevereiro - Emissor: São Macário; Retransmissores: Préstimo, Viseu, Cedrim, Vouzela, Vale de Cambra, Covas do Monte, Santa Maria da Feira, Arouca, Rio Arda, Lalim, Vila Nova de Gaia, Foz, Valongo, Santo Tirso, Caldas de Vizela, Caldas de Vizela II, Amarante, Gondar, São Domingos, Ancede, Caldas de Aregos, Resende, Lamego e Santa Marta de Penaguião.
2.ª fase
22 de março de 2012: Cessação dos emissores e retransmissores das Regiões Autónomas dos Açores e da Madeira.
3.ª fase
26 de abril de 2012: Cessação dos emissores e retransmissores no restante território continental.
Foi ainda prevista a cessação das emissões analógicas de alguns emissores em zonas piloto, que ocorreram ainda em 2011 nas seguintes datas:
12 de maio: Retransmissor de Alenquer;
16 de junho: Retransmissor de Cacém;
13 de outubro: Retransmissor da Nazaré.
Migração para redes MFN
Devido aos inúmeros problemas de interferência destrutiva inerentes à rede SFN, procedeu-se à passagem desta para diversas redes MFN.
Com base nas torres da rede analógica, foram ativados em Maio de 2012 os retransmissores:
Monte da Virgem: canal 42
Lousã: canal 46
Montejunto: canal 49
Ativados em Setembro de 2014:
Mendro: canal 40
Palmela: canal 45
São Mamede: canal 47
Marofa: canal 48
Boa Viagem (Figueira da Foz): canal 46
Quinto Canal
A criação do quinto canal de televisão tem sido criticada pelos principais operadores privados de radiodifusão, a TVI e a SIC. Eles dizem que o mercado de publicidade em televisão já está saturado e um novo organismo de radiodifusão seria prejudicial para os canais existentes.[9]Licenças e canais de pagamento.
Foi um processo dividido em duas licenças diferentes: uma para a gestão da rede e frequência dos FTA, e uma para a gestão e distribuição dos canais de televisão paga e conteúdo. Ambas as licenças foram adquiridas pela Altice (antiga PT). A Altice adquiriu também a emissora Televisão Independente (TVI), tornando-se a única emissora de televisão com sinais analógicos.[10]
Emissões dos FTA e emissões de pagamento
Foi um processo dividido em duas licenças diferentes: uma para a gestão da rede e frequência dos FTA, e uma para a gestão e distribuição dos canais de televisão paga e conteúdo. Ambas as licenças foram adquiridas pela Altice (antiga PT). A Altice adquiriu também a emissora Televisão Independente (TVI), tornando-se a única emissora de televisão com sinais analógicos.[10]
O objetivo da Autoridade Nacional de Comunicações (ANACOM) era ter cinco canais em sinal aberto na TDT (incluindo um quinto novo canal em sinal aberto) e uma oferta de televisão paga com cerca de quarenta canais. O plano para uma oferta de televisão paga foi abandonado quando a Altice anunciou que licença de televisão passou para a Autoridade Nacional de Comunicações, que pagou 2,5 milhões € à Altice para obter a licença.[11]
Novos canais
RTP3 e RTP Memória
O alargamento da oferta da TDT em Portugal já tinha sido aprovado pelo Parlamento e foi, a 10 de agosto, promulgado pelo Presidente da República. Marcelo Rebelo de Sousa disse que sim à inclusão dos canais RTP3 e RTP Memória. A partir do momento em que os dois novos canais da RTP passaram a integrar a TDT deixaram de poder obter receitas através de publicidade, de forma a não criar problemas concorrenciais com a SIC e TVI. Ou seja, os três grupos televisivos vão continuar a ter em sinal aberto apenas um canal monetizado com publicidade – a RTP 1, a SIC e a TVI.[12] À meia noite de 1 de dezembro de 2016, a RTP3 e RTP Memória foram para o ar.
Dois canais privados
Ao mesmo tempo que foi anunciado que a RTP3 e a RTP Memória iriam integrar a TDT, também acabou por ser referido que mais dois canais privados iriam integral a oferta da TDT.[13] Mais tarde, a 4 de setembro de 2018, foi anunciado que um canal seria de informação e o outro seria de desporto, e que o concurso público para os mesmo seria lançado em breve.[14] Até hoje, e depois de 4 anos, o concurso ainda não se realizou nem deverá se realizar.
RTP África, "Canal Conhecimento" e fim/substituição da RTP Memória, por um canal infantil.
No dia 10 de Novembro de 2020, o secretário da cultura para o cinema e o audiovisual e a própria RTP anunciaram que os 2 canais em falta no MUX A da TDT serão atribuídos à RTP, para a difusão em sinal aberto da RTP África e de um novo canal a "RTP Conhecimento" previstos o arranque dos mesmos na TDT no decorrer do ano de 2021, mas que à data de 2022 ainda está por acontecer. No entanto, esta extensão da oferta acontecerá só depois da renegociação do contrato de concessão do serviço público de rádio e de televisão. Durante este processo de renegociação, estará também em cima da mesa a possibilidade de se acabar com a RTP Memória na TDT e caso tal venha mesmo a acontecer, “a concessionária deverá iniciar um novo serviço de programas dedicado aos públicos infantis e juvenis que ocupará, total ou parcialmente, a reserva de capacidade até aqui atribuída ao serviço de programas RTP Memória”.
EEC Secundário (#Estudo Em Casa Secundário)
No dia 7 de fevereiro de 2021 é anunciado no site oficial da TDT a entrada do canal EEC Secundário no serviço, na posição 8 (posição 9 na Madeira e Açores), para emissão de 75 blocos pedagógicos temáticos semanais deste nível de ensino no âmbito do Estudo Em Casa, devido à pandemia covid-19.
A televisão digital terrestre (TDT) permite uma melhoria na qualidade da receção e amplia a oferta disponível tanto em número de canais como em versatilidade do sistema: emissão com som multicanal, múltiplos sinais de áudio, teletexto, EPG (guia electrónico de programas), canais de rádio, serviços interativos, imagem panorâmica, etc.[15][16]
Tecnologia
Em Portugal a tecnologia utilizada para a emissão da televisão digital terrestre (TDT) é o padrão europeu DVB-T, o qual segue as diretivas da União Europeia, sendo que se prevê que esta norma seja um dia substituída pela sua evolução, o DVB-T2, com maior desempenho. Opera-se na banda UHF, em frequências MFN. A modulação realiza-se mediante 64QAM e a largura de banda de cada canal é de 8 MHz. O tipo de onda portadora é 8k.[15][17][16]
Formato de definição padrão (SD)
A TDT no formato de definição padrão (SD) emite-se comprimindo o vídeo com o padrão MPEG-4 (H.264) a uma definição de 576i, correspondente ao formato analógico PAL. Trata-se do mesmo sistema utilizado em DVD-Vídeo, embora com uma qualidade de imagem algo menor, pelo grau de compressão aplicado (uma taxa de bits de uns 3900 Kbps). O som codifica-se usando, geralmente, MP2 a 192 Kbps. Dados técnicos da TDT[15][16]
Um canal de televisão ou canal digital é o conjunto de programas de televisão organizados dentro de um horário de programação que não pode ser alterado pelo público.
Durante a planificação, a nível europeu estabeleceram-se quatro tipos diferentes de canais. Os canais nacionais, concedidos pelo Governo de Portugal, os canais insulares, só para as regiões de outro-mar, que se delimitam a uma ilha, os canais autonómicos e os canais locais, concedidos pelos Governos regionais, e por último, os canais denominados do terceiro setor, concedidos pelo Ministério da Cultura, depois da sua aprovação na Assembleia da República.
Os denominados canais do terceiro setor são os canais que a Assembleia da República reconheceu como importantes pela sua proximidade, tendo interesse cultural, educativo, étnico ou social numa determinada comunidade.
Para aceder a esta qualificação, a entidade responsável deste canal não pode ser titular direto ou indireto de nenhuma concessão de televisão de qualquer cobertura. Para além disso têm proibida a publicidade e a televenda, com a exceção dos patrocínios nos programas.
O editor de serviço responsável por um canal de televisão fornece o seu sinal de vídeo digital ao operador de multiplex.[22]
O operador de multiplex é o primeiro responsável por comprimir o fluxo de vídeo para reduzir o débito binário (taxa de bits). Em seguida, o operador de multiplex reúne os fluxos compactados de vários canais num mesmo canal correspondente a uma faixa de frequências para formar um multiplex. Esta multiplexação permite que a televisão digital transmita vários canais no mesmo canal, ao contrário da televisão analógica, onde cada canal era transmitido no seu próprio canal. O multiplex criado é então confiado ao operador concessionário de transmissão.[23][24][25]
O operador concessionário de transmissão, encaminha o multiplex por ligação de satélite ou por ligação de rádio (feixe hertziano) (sendo que também já existe a possibilidade teórica de ser encaminhado por fibra óptica) para transmissores de televisão espalhados por todo o território de Portugal. O operador concessionário de transmissão é escolhido por concurso público por um tempo limitado.[23][24][25]
Padrões de transmissão
A televisão digital terrestre (TDT) é transmitida em Portugal sob o padrão DVB-T (Digital Video Broadcasting - Terrestrial). Prevê-se que esta norma seja um dia substituída pela sua evolução, o DVB-T2, com maior desempenho. A transição na TDT do DVB-T para o DVB-T2 ainda não tem uma data para acontecer. Em 2019, a ANACOM esclareceu que ainda mantém a tecnologia antiga do DVB-T porque a atual rede tem capacidade para nove canais de TV – mas atualmente a rede não transporta esses nove serviços de programas, apenas tem sete, e porque a substituição do DVB-T para o DVB-T2 obrigaria à atualização dos equipamentos.[26][27][28][17]
O atual padrão DVB-T da TDT permite a existência de canais TDT pagos que possuam controlo de acesso (Simulcrypt ou Multicrypt) por criptografia, como na maioria dos países da Europa. O que acontece nestes casos, é que o acesso aos canais TDT pagos (pay-per-view) é reservado aos proprietários de um descodificador especializado vendido com contrato de assinatura, como os descodificadores do tipo CanalReady; os descodificadores padrão (standard) vendidos sem assinatura apenas permitem receber os canais de sinal aberto e não permitem que esses canais pagos sejam descriptografados. Para televisores com TDT integrada, basta um cartão de subscrição que é inserido na ranhura do aparelho de televisão e que pode ser ativado por assinatura.[29][30][31][32][26][27][28][17]
Rede de transmissão
A rede de radiodifusão TDT tem 262 transmissores em Portugal. Geridos pelo operador técnico concessionário da transmissão, os transmissores podem ser de dois tipos:[33][34][35]
os locais de transmissão "principais" ou "primários", que incluem transmissores de alta potência (vários milhares de watts) localizados em pontos altos (grandes postes ou montanhas) e transmissores de média potência (várias centenas de watts) localizados nas planícies;
locais de transmissão “secundários”, cujos transmissores são de baixa potência (alguns watts ou dezenas de watts).
Para além disso, as autarquias locais (municípios e freguesias) podem também instalar e manter pequenos retransmissores locais às suas próprias custas para melhorar a qualidade do sinal nas áreas mais remotas do país, com a autorização do regulador.[21]
Receção
Em 2020, 100% dos lares portugueses podiam receber televisão via TDT, dos quais 94,5% via terrestre (onda de rádio ou hertziana) e os remanescentes 5,5% podiam aceder ao serviço através de meio complementar (ligação de satélite).[36]
Descodificador
Como os canais de televisão digital terrestre (TDT) são comprimidos e multiplexados, é necessário ter um adaptador ou descodificador TDT para os receber. Este descodificador pode já estar integrado diretamente no televisor ou pode estar na forma de uma caixa externa colocada entre a antena e o televisor. Os descodificadores atuais são sintonizadores duplos que permitem receber dois canais de multiplexes diferentes simultaneamente. Para gravar programas de televisão, ao descodificador pode ser integrado um disco rígido interno ou ser ligado a um disco rígido externo ou a uma pen drive USB.[37]
Também é possível receber a TDT num computador utilizando uma placa sintonizadora TDT ou uma pen drive USB TDT. Ambos estes dispositivos podem ser conectados a uma antena externa ou podem usar as suas próprias antenas.[38][39][40][41]
Como Portugal optou pelo padrão MPEG4, o adaptador ou descodificador escolhido deve ser compatível com o MPEG4.[42]
Antena individual ou coletiva
Para receber canais TDT, é necessário ter uma antena Yagi, conhecida como antena rake. Instalada no exterior, a antena individual deve ser de banda larga para receber as bandas de frequência UHF IV e V. A antena é então ligada ao descodificador TDT através de um cabo coaxial.[43][44][45]
Também é possível usar uma antena interna se a área estiver localizada perto de um transmissor. Uma boa receção de sinal depende principalmente do ganho da antena (antenna gain) que está ligado ao seu tamanho e diretividade (directivity) e à qualidade do cabo coaxial. Muitos componentes podem ser adicionados à antena dependendo da situação: pré-amplificador, amplificador, acoplador, desacoplador, filtro eletrónico (especialmente para sinais 4G e 5G), repartidor de antena (splitter), para-raios, centelhador.[43][44][45]
Nas habitações coletivas, a instalação e manutenção da antena coletiva é da responsabilidade do condomínio e distribui a TDT a todos as frações do prédio, devendo cada fração ter um descodificador TDT. No entanto, cada inquilino ou proprietário pode equipar-se com uma antena individual às suas próprias custas. Este princípio é o direito à radiodifusão individual, garantido por lei.[43][44][45]
Problemas de receção
A boa receção da TDT pode ser significativamente afetada por vários fenómenos:[46][47]
a má qualidade das conexões (envelhecimento dos cabos da antena, conexões paralelas sem splitter ou repartidor de antena, isolamento galvânico degradado, etc.);
obstáculos naturais (relevo) ou artificiais (construção) bloqueando as ondas.
Estações emissoras TDT
Lista dos 262 emissores TDT existentes em Portugal, respetiva localização e canal/frequência[48]
Estação emissora TDT
Canal
Frequências
Abrantes
35
582-590 MHz
Águeda
44
654-662 MHz
Águeda Industrial
44
654-662 MHz
Albufeira
43
646-654 MHz
Alcácer do Sal
37
598-606 MHz
Alcobaça
35
582-590 MHz
Alcoutim
47
678-686 MHz
Aldeia de Juso
35
582-590 MHz
Alenquer
35
582-590 MHz
Algueirão
35
582-590 MHz
Almada
37
598-606 MHz
Almodôvar
43
646-654 MHz
Alter do Chão
43
646-654 MHz
Alto de São Bento, Évora
30
542-550 MHz
Alto do Galeão
33
566-574 MHz
Alvaiázere
44
654-662 MHz
Alverca
35
582-590 MHz
Alvite, Moimenta da Beira
42
638-646 MHz
Alvôco das Várzeas
44
654-662 MHz
Amarante
36
590-598 MHz
Arcos de Valdevez
33
566-574 MHz
Arganil
44
654-662 MHz
Arouca
36
590-598 MHz
Arronches
43
646-654 MHz
Arruda dos Vinhos
35
582-590 MHz
Aveiro Centro
36
590-598 MHz
Avessadas
36
590-598 MHz
Avis
43
646-654 MHz
Azoia - Sintra
35
582-590 MHz
Baião
36
590-598 MHz
Barcarena
35
582-590 MHz
Barrancos
30
542-550 MHz
Barroca Grande
44
654-662 MHz
Barrosa
48
686-694 MHz
Batalha
35
582-590 MHz
Beja
30
542-550 MHz
Benfica, Lisboa
35
582-590 MHz
Bezerra
35
582-590 MHz
Boa Viagem
46
670-678 MHz
Boa Viagem 2
44
654-662 MHz
Bonfim
36
590-598 MHz
Borba
30
542-550 MHz
Bornes
46
670-678 MHz
Braga - Santa Marta
33
566-574 MHz
Braga Centro
33
566-574 MHz
Bragança
46
670-678 MHz
Bragança - São Bartolomeu
46
670-678 MHz
Bufão
43
646-654 MHz
Cabaços, Moimenta da Beira
48
686-694 MHz
Cacém
35
582-590 MHz
Caldas da Rainha
35
582-590 MHz
Caldas de Vizela
36
590-598 MHz
Camarinhas
47
678-686 MHz
Campo Maior
43
646-654 MHz
Candeeiros
35
582-590 MHz
Caparica
37
598-606 MHz
Caramulo
44
654-662 MHz
Carpinteira - Covilhã
34
574-582 MHz
Cascais
35
582-590 MHz
Castanheira de Pêra
44
654-662 MHz
Castelete - Pico
46
670-678 MHz
Castelo de Paiva
42
638-646 MHz
Castelo de Vide
43
646-654 MHz
Castro Verde
43
646-654 MHz
Ceira
44
654-662 MHz
Celorico de Basto
36
590-598 MHz
Cerdeira
33
566-574 MHz
Cerro da Águia
43
646-654 MHz
Cheleiros
35
582-590 MHz
Coimbra Centro
44
654-662 MHz
Coimbra Observatório
44
654-662 MHz
Coruche
35
582-590 MHz
Couço
35
582-590 MHz
Covas
33
566-574 MHz
Cruz de Pau
37
598-606 MHz
Elvas
43
646-654 MHz
Encumeada
47
678-686 MHz
Espalamaca - Faial
47
678-686 MHz
Espinhal
44
654-662 MHz
Estoril
35
582-590 MHz
Estremoz
43
646-654 MHz
Estremoz - Quinta da Esperança
43
646-654 MHz
Évora - Entrevinhas
30
542-550 MHz
Évora Centro
30
542-550 MHz
Faro
47
678-686 MHz
Fátima
35
582-590 MHz
Ferreira do Alentejo
30
542-550 MHz
Fóia 1
43
646-654 MHz
Fóia 2
28
526-534 MHz
Fornos de Algodres
41
630-638 MHz
Foz
36
590-598 MHz
Funchal, Madeira
47
678-686 MHz
Gaia
36
590-598 MHz
Gaia Centro
36
590-598 MHz
Gardunha
34
574-582 MHz
Gavião
43
646-654 MHz
Gerês
33
566-574 MHz
Graça
35
582-590 MHz
Grândola
37
598-606 MHz
Guarda
41
630-638 MHz
Guimarães Centro
33
566-574 MHz
Guimarães Penha
33
566-574 MHz
Janas
35
582-590 MHz
Junqueira
36
590-598 MHz
Lagos Centro
43
646-654 MHz
Lagos Norte
43
646-654 MHz
Lamego
36
590-598 MHz
Leça
36
590-598 MHz
Leiranco
33
566-574 MHz
Leiria
44
654-662 MHz
Lisboa - Castelo
35
582-590 MHz
Lisboa - Estrela
35
582-590 MHz
Lisboa - Restelo
35
582-590 MHz
Lisboa - Trindade
35
582-590 MHz
Lisboa - Xabregas
35
582-590 MHz
Logo de Deus - Coimbra
44
654-662 MHz
Loulé
47
678-686 MHz
Lourosa
36
590-598 MHz
Lousã
46
670-678 MHz
Lousa - Torre de Moncorvo
46
670-678 MHz
Mação
43
646-654 MHz
Machialinho
44
654-662 MHz
Malveira
35
582-590 MHz
Mangualde
36
590-598 MHz
Manteigas
41
630-638 MHz
Marofa
48
686-694 MHz
Marvão
43
646-654 MHz
Mealhada
44
654-662 MHz
Melides
37
598-606 MHz
Mendro
40
622-630 MHz
Mértola
47
678-686 MHz
Mira de Aire
35
582-590 MHz
Mirandela
46
670-678 MHz
Mogadouro
46
670-678 MHz
Moledo
33
566-574 MHz
Monchique
43
646-654 MHz
Monsanto, Lisboa
35
582-590 MHz
Montalegre
33
566-574 MHz
Monte da Virgem, Porto
42
638-646 MHz
Monte do Facho
44
654-662 MHz
Monte Franqueira, Barcelos
36
590-598 MHz
Monte Gois
33
566-574 MHz
Montedor
33
566-574 MHz
Montejunto
48
686-694 MHz
Montemor-o-Novo
30
542-550 MHz
Mora
30
542-550 MHz
Mortágua
44
654-662 MHz
Mosteiro
41
630-638 MHz
Moura
30
542-550 MHz
Nazaré Centro
35
582-590 MHz
Nisa
43
646-654 MHz
Óbidos
35
582-590 MHz
Odemira
43
646-654 MHz
Odivelas
35
582-590 MHz
Odivelas Centro
35
582-590 MHz
Oleiros
34
574-582 MHz
Olivais
35
582-590 MHz
Ourém
35
582-590 MHz
Ourique
43
646-654 MHz
Padrela
46
670-678 MHz
Palmeira de Faro
36
590-598 MHz
Palmela
45
662-670 MHz
Palmela
37
598-606 MHz
Pampilhosa da Serra
44
654-662 MHz
Paredes de Coura
33
566-574 MHz
Pedra do Vento
41
630-638 MHz
Pedra Mole
47
678-686 MHz
Penacova
44
654-662 MHz
Penafiel
36
590-598 MHz
Penamacor
34
574-582 MHz
Penedo da Saudade, Coimbra
44
654-662 MHz
Penedo Gordo
43
646-654 MHz
Peniche
35
582-590 MHz
Penouta
33
566-574 MHz
Pico Alto, Açores
46
670-678 MHz
Pico Arco da Calheta - Madeira
47
678-686 MHz
Pico Arco de São Jorge - Madeira
47
678-686 MHz
Pico Bartolomeu
44
654-662 MHz
Pico da Cruz - Madeira
47
678-686 MHz
Pico do Facho - Madeira
47
678-686 MHz
Pico do Galo, Madeira
47
678-686 MHz
Pico do Silva (Madeira)
47
678-686 MHz
Pico Geraldo, Pico
48
686-694 MHz
Pico Jardim - Açores
46
670-678 MHz
Pico Verde
48
686-694 MHz
Picota
47
678-686 MHz
Piódão
44
654-662 MHz
Pirocão
46
670-678 MHz
Podame
33
566-574 MHz
Pombal
44
654-662 MHz
Ponta Delgada, Madeira
47
678-686 MHz
Ponte de Lima
33
566-574 MHz
Portalegre
43
646-654 MHz
Porto - Av. Brasil
36
590-598 MHz
Porto - Fernão Lopes
36
590-598 MHz
Porto - Pedro Escobar
36
590-598 MHz
Porto de Mós
35
582-590 MHz
Porto Santo (Madeira)
46
670-678 MHz
Póvoa de Lanhoso
33
566-574 MHz
Póvoa Santo Adrião
35
582-590 MHz
Redondo
30
542-550 MHz
Reguengos de Monsaraz
30
542-550 MHz
Reitoria - Covilhã
34
574-582 MHz
Resende
36
590-598 MHz
Ribeira de Pena
33
566-574 MHz
Ribeira Grande
44
654-662 MHz
Rio Arda
36
590-598 MHz
Rio Maior
35
582-590 MHz
Santa Bárbara (Açores)
45
662-670 MHz
Santa Luzia
47
678-686 MHz
Santa Marta de Penaguião
36
590-598 MHz
Santarém
35
582-590 MHz
Santiago do Cacém
37
598-606 MHz
Santo Tirso
36
590-598 MHz
São Bernardo
36
590-598 MHz
São Domingos
36
590-598 MHz
São João de Ver, Santa Maria da Feira
42
638-646 MHz
São Mamede
47
678-686 MHz
São Miguel, Faro
47
678-686 MHz
Sapiãos, Boticas
33
566-574 MHz
Sátão
36
590-598 MHz
Seixo Alvo
36
590-598 MHz
Serpa
30
542-550 MHz
Serra do Alvão
36
590-598 MHz
Serra do Cume
46
670-678 MHz
Sertã
44
654-662 MHz
Sesimbra
37
598-606 MHz
Silves
43
646-654 MHz
Silves Centro
43
646-654 MHz
Sines
43
646-654 MHz
Sintra
35
582-590 MHz
Sítio da Nazaré
35
582-590 MHz
Sousel
43
646-654 MHz
Surrinha
41
630-638 MHz
Tavira
47
678-686 MHz
Termas Monfortinho
34
574-582 MHz
Terras de Bouro
33
566-574 MHz
Tocha
44
654-662 MHz
Tomar
35
582-590 MHz
Torres Vedras
35
582-590 MHz
Trancão - Torres Novas
35
582-590 MHz
Trancoso
41
630-638 MHz
Vale de Cambra
36
590-598 MHz
Vale de Mira
46
670-678 MHz
Valença
33
566-574 MHz
Valongo
36
590-598 MHz
Velas
44
654-662 MHz
Viana do Castelo
33
566-574 MHz
Vieira do Minho
33
566-574 MHz
Vila da Ponte, Sernancelhe
48
686-694 MHz
Vila de Rei
44
654-662 MHz
Vila Franca de Xira
35
582-590 MHz
Vila Franca de Xira - Montegordo
35
582-590 MHz
Vila Nova de São Bento
30
542-550 MHz
Vila Praia de Âncora
33
566-574 MHz
Vila Viçosa
30
542-550 MHz
Vilar Formoso
41
630-638 MHz
Vinhais
46
670-678 MHz
Viseu Centro
36
590-598 MHz
Viseu Sul
36
590-598 MHz
Volta da Pedra, Palmela
37
598-606 MHz
Vouzela
36
590-598 MHz
Análise de audiências
A análise de audiências em Portugal é gerida pela Comissão de Análise de Estudos de Meios (CAEM), uma associação que congrega os meios de comunicação social, as agências publicitárias e os anunciantes, e está concessionada actualmente à GfK, através do sistema de audímetros.
Este sistema nasceu entre 1980 quando a Radiotelevisão Portuguesa decidiu autorizar a Teor a instalar um painel semanal de audiência, que avaliava os seus programas.
Em 1989, a RTP, então único canal televisivo em Portugal, decidiu que o sistema de Estudo Geral de Meios estava antiquado e devia modernizar-se, já que este era um estudo semanal e por entrevistas, e a RTP aspirava a usar o sistema padrão da Europa. Assim abre um concurso a empresas de audimetria, onde concorreram a Norma (associada à Ecotel) e a AGB (associada à Marktest). O concurso foi ganho pela Norma-Ecotel, o que não impediu a AGB Portugal (Marktest) de iniciar, em paralelo, uma operação independente, ou seja, apesar de a Norma-Ecotel ter saído vencedora do concurso, realizando oficialmente os Estudo Geral de Meios, a Marktest também fazia a sua medição.[49]
Anos mais tarde, em 1998 houve um desenlace para este cenário: a Marktest cessou a ligação com a AGB e adquiriu mais de metade da Ecotel Portugal, criando a empresa que até hoje se mantém, a Marktest Audimetria. Quando a AGB Portugal cessou atividades, a Marktest passou a ser a empresa oficial de medição de audiências em Portugal. A Marktest Audimetria criou, então o Audipanel, um serviço que fornece os dados relativos às audiências.
De forma a garantir rigor e acompanhamento das medições, foi criada a Comissão de Análise de Estudos de Meios (CAEM), uma associação que fiscaliza o sistema de audiências e é o organismo independente que garante a fiabilidade e validade dos dados recolhidos.[50]
O contexto foi-se alterando, diante das mudanças tecnológicas e de consumo televisivo, e em setembro de 2010 CAEM lança um concurso público para um sistema que trouxesse melhorias à audimetria. Foram convidadas empresas competentes e conhecidas na área, onde a Marktest competia com a GfK, a AGB Nielsen, Kantar Media/TNS e a Euroexpansão. Em março de 2011, a empresa alemã GfK, sigla para Gesellschaft für Konsumforschung ou Growth from Knowledge, é a escolhida para a gestão da análise de audiências, substituindo a Marktest.[51] O concurso lançado pela CAEM prevê que a empresa selecionada GfK assegure a medição de audiências entre 2021 e 2025.[52]
A seguir detalham-se as audiências anuais (share) das principais cadeias nacionais:
c: GfK iniciou a gestão da medição de audiências em março de 2012, na sequência do concurso lançado pela Comissão de Análise e Estudos de Meios (CAEM).